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PM atua como segurança particular na Orla de Boa Viagem

Em 2015 e em 2016, a Rede Globo impulsionou, junto com outros setores golpistas, os famosos “atos coxinhas” pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em Recife, todos os “atos coxinhas” aconteceram, não por acaso, no mesmo lugar: no bairro de Boa Viagem.

Boa Viagem é o bairro que mais concentra a pequena-burguesia histérica recifense. Não bastassem os “atos coxinhas” terem ocorrido lá, Boa Viagem também protagonizou os ridículos “panelaços”, as doentias faixas de “Tchau, querida” e outras anomalias coxinhas. Tal grau de alienação, no entanto, não poderia ser diferente, uma vez que Boa Viagem construiu suas próprias escolas, hospitais e toda uma rede de infraestrutura para que seus moradores não necessitem ter contato com o restante da cidade.

No entanto, a vida não é tão simples como os coxinhas de Boa Viagem gostariam. Apesar de todo o esforço feito para impedir o contato com as camadas mais pobres da população recifense, é inevitável, devido a enorme desigualdade social, que a periferia venha para Boa Viagem. As políticas implementadas pela burguesia em Pernambuco e em Recife – apoiadas pelos próprios coxinhas – são tão desastrosas que forçam os setores mais esmagados da população a invadir terrenos em Boa Viagem, ocupar a base de seus viadutos, perambular por suas ruas cheirando cola para tentar “enganar a fome” etc. Isto é, o massacre por parte da direita – que aumentou exponencialmente após o golpe – tem empurrado milhões de pessoas para uma vida marginalizada em todos os bairros da cidade, até mesmo naquele que tentou se “ilhar” da pobreza.

A marginalização dessas milhões de pessoas, forçadas a migrar constantemente, sem nenhuma perspectiva na vida e sem a garantia, ao menos, de que terá comida no fim do dia, acaba ocasionando, fatalmente, em um incremento na criminalidade. Afinal, ninguém vai ficar de braços cruzados, com o estômago vazio, esperando a morte chegar, apenas observando, friamente os moradores de Boa Viagem vivendo fartamente.

Os coxinhas, no entanto, preferem ignorar essa realidade. Preferem ignorar que os assaltos, o tráfico de drogas e os assassinatos que vêm ocorrendo com cada vez mais frequência são consequência direta do governo golpista que eles apoiaram. Ao invés disso, os coxinhas fazem uma campanha moral contra os “bandidos” e colocam a polícia como seus salvadores.

A colaboração entre os moradores de Boa Viagem e a polícia sempre existiu. Afinal, há até uma delegacia em Boa Viagem para que os coxinhas sejam prontamente atendidos. Quase todo dia, a Polícia Militar é aplaudida pela imprensa e pelos coxinhas por invadir, à procura de “drogas”, a comunidade do Entra Apulso, que tem mais de dois mil moradores e conseguiu se estabelecer no meio de uma área nobre de Boa Viagem. Contudo, uma nova forma de colaboração vem sendo articulada, utilizando, para isso, os quiosqueiros da orla de Boa Viagem.

Na orla de Boa Viagem há inúmeros quiosques que vendem, em geral, água de coco, bebidas e algumas comidas. Os quiosques, por sua vez, foram estabelecidos em parceria com a prefeitura, que, após permitir que alguns vendedores pudessem comercializar seus produtos nos quiosques, aumentou consideravelmente a repressão contra os barraqueiros e vendedores que não estejam regulamentados. Recentemente, a imprensa burguesa vem dando uma atenção muito especial ao fato de que os quiosques estão sendo arrombados durante a noite.

Poderia ser um episódio de violência como qualquer outro – uma banalidade. No entanto, a campanha da imprensa foi tamanha – além de algumas manifestações esquisitas, pequenas e artificiais dos quiosqueiros, exigindo mais polícia – que a Polícia Militar elaborou um plano especial de segurança para os quiosqueiros. Segundo os quiosqueiros e a polícia, a “violência” na orla estaria prejudicando o turismo e os negócios dos quiosqueiros.

Como forma de “solucionar” o problema, em novembro do ano passado, o comandante do 19ª Batalhão da Polícia Militar afirmou que criou um grupo de Whatsapp entre os quiosqueiros e que aumentaria o número de policiais para garantir a “segurança” dos quiosqueiros. Além disso, foram feitas promessas de que haveria uma melhor utilização das câmeras para a captura de suspeitos.

Assim, com a desculpa de garantir a segurança dos quiosqueiros – que já são, em grande medida, colaboradores para com a burocracia do Estado, já que atuam em parceria com a prefeitura -, a Polícia Militar montou um esquema de vigilância e denúncia com os comerciantes da orla de Boa Viagem. No último dia 25, o esquema de caguetagem da PM pernambucana se mostrou eficiente: através de denúncias, a PM deteve 12 pessoas – a maioria adolescentes – por um suposto arrombamento.

A Polícia Militar não foi criada para resolver problema de ninguém. Afinal, encarcerar as pessoas nunca resolverá os problemas fundamentais da sociedade, que é a exploração capitalista. Por isso, a única luta possível nesse momento é a luta contra o golpe, a luta que possibilitará aos explorados impor uma derrota aos golpistas rumo a uma sociedade controlada pela classe trabalhadora.

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