Os trabalhadores e o povo brasileiro sofreram nesta semana, no dia 10 de julho, uma das mais impiedosas derrotas dos últimos tempos impostas pela burguesia, o imperialismo e seus serviçais. Os deputados federais aprovaram, no plenário da Câmara Federal, o texto-base da chamada “reforma” da previdência, em que por 379 votos a 131, o projeto foi aprovado em primeiro turno.
A extrema-direita e os golpistas, agrupados nas diversas legendas fisiológicas, auxiliados também por votos oriundos dos partidos tidos como de “esquerda”, ou do intitulado “campo progressistas” obtiveram 71 votos a mais do necessário para a aprovação da Emenda Constitucional, que altera de forma drástica as regras para a aposentadoria do trabalhador, incluindo aí também os benefícios pagos aos aposentados e pensionistas.
Vale registrar que o caminho da direita golpista esteve facilitado pela miopia política da esquerda parlamentar (Psol, PCdoB, Rede, setores do PT) que apostou todas as fichas e sua estratégia no trabalho de “sensibilização e convencimento” dos setores ditos “indecisos” dentro da Câmara Federal, na vã expectativa de poder atrair estes setores para o campo da rejeição ao projeto. Não deu certo, não funcionou. As malas de dinheiro que o Palácio do Planalto colocou a disposição dos “indecisos” foi mais eficaz do que as estratégias de sensibilização e convencimento da esquerda parlamentar.
Como se trata de Emenda Constitucional, o projeto deve ainda ser aprovado em segundo turno na Câmara, o que deverá ocorrer sem maiores dificuldades, indo depois para o Senado Federal, para igualmente ser aprovado em dois turnos. A esquerda, no entanto, sem querer assimilar os ensinamentos da acachapante derrota na Câmara Federal, começa a flertar com a ideia de realizar o mesmo trabalho inócuo e estéril que foi realizado com os deputados. Quer adotar para o Senado a mesma política fracassada e de derrotas da última quarta-feira.
Vamos esclarecer para quem ainda não sabe. O Senado Federal é uma casa ainda mais refratária, mais reacionária do que a Câmara dos Deputados e nada deve ser esperado em relação a qualquer mínima chance do projeto ser barrado no Senado da República. Ali estão confortavelmente instalados os maiores representantes da política antipovo. O Senado Federal é a casa das “velhas raposas”, os homens que representam as velhas e carcomidas oligarquias regionais. São ex-governadores, grandes empresários, ruralistas, latifundiários; enfim, um espaço onde a direita tradicionalmente se encontra para conspirar, à luz do dia, contra o povo e contra os interesses nacionais, contra a soberania do país.
Portanto, não há nada o que se esperar do Senado da República a não ser a confirmação do que já foi votado na Câmara dos Deputados. A esquerda deve abandonar toda e qualquer ilusão na possibilidade de obter algum ganho junto aos senadores. A derrota dos golpistas, da extrema direita, da burguesia e do imperialismo não pode ser o resultado de articulações dentro das instituições manietadas pela camisa de força do regime golpista; não pode vir da tentativa de atrair para o “campo progressista” os elementos corrompidos da política nacional aninhados nos partidos golpistas da burguesia.
O caminho da derrota já é conhecido. É preciso mudar o eixo, virar o jogo; é necessário outra política para derrotar os golpistas e a extrema-direita bolsonarista incrustada nas instituições, seja na Câmara ou no Senado. Não há atalho, não há outro caminho. A vitoria das massas populares contra a ofensiva dos inimigos do povo somente pode ser alcançada com a ocupação das ruas, com as mobilizações, com o chamado ao povo a se organizar, a tomar em suas próprias mãos o seu destino, não alimentando ilusões em políticas que só conduzem ao fracasso e às derrotas.