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Economia brasileira

Investir menos para desenvolver a indústria?

Estadão propõe o fim do investimento estatal brasileiro para desenvolver a indústria nacional, uma sabotagem total ao Brasil e um atentado contra o povo

A política industrial anunciada pelo governo Lula vem despertando um verdadeiro escândalo por parte da imprensa burguesa pró-imperialista. O golpista O Estado de S. Paulo publicou um editorial de título Remendo novo em roupa velha no último domingo, 28 de janeiro. O artigo, opinião do órgão, é voltado a um ataque contra o plano industrial, sustentando que o investimento estatal seria baseado na obra O Estado empreendedor, destacada pelo governo, e estrutura sua crítica ao investimento estatal na indústria com uma crítica à obra, algo no mínimo insuficiente. Vamos ao que diz o Estadão.

“O senso comum liberal é que a iniciativa privada cria as inovações e o crescimento que financiam o setor público, mas para Mazzucato é o contrário: através de missões “ousadas e inspiradas”, políticos carismáticos e burocratas visionários apontam o caminho para resolver grandes problemas e financiam as tecnologias que, depois, são empregadas pelas empresas privadas para comercializar produtos lucrativos.”

O que importa, porém, não é o que diz a autora do livro, mas de fato o que decorre das políticas econômicas em questão, e o que se dá na realidade. No Brasil, as tecnologias de ponta, as mais importantes para a economia nacional, sem exceção, vêm fruto do setor público. Citamos a Petrobrás e a tecnologia de Investir menos para desenvolver a indústria?águas profundas que deu base à exploração do pré-sal, pioneira no mundo. Outro exemplo, sabotado pelos governos golpistas, foi o projeto do trem movido por magnetismo, que seria mais rápido, estável, seguro e econômico, o MagLev, da Coppe/UFRJ. O desenvolvimento ainda de vacinas é também realizado no Brasil por institutos públicos que não apenas desenvolvem o medicamento, mas são (ou eram, antes do golpe de 2016) referência internacional na área. Podemos ainda destacar a Embraer, produtora do Super Tucano, principal avião em seu meio de operação, como patrulhas, voos baixos e ataques táticos.

Onde está o setor privado?

Em todos os casos citados, o setor privado opera como verdadeiro sabotador do desenvolvimento de novas tecnologias. Na área do petróleo, a variada indústria petroquímica brasileira foi destruída a mando do setor privado, sob a imperialista operação Lava Jato, coordenada pelos Estados Unidos, principal serviçal dos monopólios internacionais. Um dos objetivos da operação era impedir a exploração de petróleo e o desenvolvimento ainda maior da Petrobrás como empresa de destaque tecnológico internacional na área, papel que ela já ocupava, superando as petroleiras imperialistas, privadas.

A Embraer, outro exemplo, quase foi entregue à norte-americana Boeing pelo golpista Jair Bolsonaro, outro capacho do setor privado, sucessor do vampiro Michel Temer. Um dos objetivos da entrega era a apropriação pela Boeing da tecnologia aeroespacial da Embraer, que nunca teve um avião comercial seu cair por falha técnica. O Maglev, por sua vez, acabou vítima da política de “desinvestimento” público na ciência operada pelo golpista Michel Temer. É importante destacar que isso não foi compensado por uma entrada de capital privado na ciência nacional, ao contrário, houve uma estagnação científica no Brasil.

E então chegamos ao caso das vacinas. Os institutos públicos brasileiros, com a chegada da pandemia da COVID-19, em 2020, estavam completamente despreparados após terem seus orçamentos, que incluem a pesquisa e desenvolvimento, por óbvio, restritos por Michel Temer e Jair Bolsonaro. A calamidade foi parcialmente ocultada pela campanha de João Doria junto à imprensa golpista, através do Instituto Butantã – destruído, diga-se de passagem, pelos golpistas. O Estadão opera, portanto, uma farsa completa.

O mundo real, implacável

“A crise financeira de 2008, as tensões geopolíticas, o crescimento da China e a pandemia parecem justificar essa narrativa. Políticas industriais e protecionistas se popularizam entre estatistas à esquerda e nacionalistas à direita como condição para criar empregos, dominar mercados e vencer rivalidades geopolíticas.

No entanto, essa epopeia do Estado empreendedor é obviamente uma falácia. As evidências de Mazzucato são exageradas e anedóticas. Os casos de sucesso são selecionados a dedo, negligenciando a proporção muito maior de fracassos.”

Aqui, temos o Estadão demonstrar a base de sua argumentação: a realidade material demonstra a falência completa da política neoliberal, seja ela fruto do “senso comum liberal” ou de seu especialista mais estudado. Para contrapor a realidade, portanto, o jornal ataca um espantalho construído por ele próprio, o livro citado anteriormente. Em outras palavras, não importam as citações do livro, porque não é ele o que demonstra a realidade material, ela está aí, e se demonstra claramente.

Temos por um lado o governo cubano, por outro o Haiti, como Estados semelhantes. Em qual deles há mais pesquisa e desenvolvimento, por exemplo, na área da saúde? E em qualquer outra área? Não há dúvidas, o Haiti foi devastado pelo imperialismo, o maior expoente do setor privado, enquanto o povo cubano sobrevive dignamente, ainda que com dificuldades, frente ao maior bloqueio econômico do planeta, e é referência numa das áreas mais importantes da tecnologia: a saúde, desenvolvendo suas próprias vacinas para impedir a disseminação da pandemia. Referência no combate à pandemia, inclusive, foram os países com maior proporção de participação estatal na economia como um todo, inclusive nos investimentos em pesquisa, como Vietnã, China, Cuba, Venezuela e Nicarágua.

A farsa da crítica do Estadão

O jornal burguês cita:

“’Não são levados em conta problemas de economia política e dificuldades no processo de escolha pública que resultam em problemas como corrupção, captura das políticas públicas, resistência a mudanças e ineficiência decisória’, resumiu Marcos Mendes numa crítica a O Estado Empreendedor publicada no site do Insper. ‘Tampouco se considera a importância da capacidade de governança pública, e o fato de que mais de 90% da população vive em países com governos de baixa capacidade técnica e operacional.’”

O que seriam, no entanto, dificuldades no processo de escolha pública, subordinada ao voto da população? Alguma empresa privada teria interesses pelo bem da população acima dos seus lucros? Um exemplo desses interesses benéficos vemos a seguir:

Escândalo indica que Pfizer manipulou a pandemia do Covid-19

A Pfizer estava desenvolvendo mutações do coronavírus mais perigosas. Supostamente para “desenvolver com antecipação uma vacina”, e certamente não para contaminar o mundo inteiro, colocando toda a população no planeta refém de uma vacina com a qual lucraria trilhões de dólares – é, ao menos, o que diz a Pfizer à época. Seria isso ainda um problema de corrupção? Mais que isso, quem corrompe os agentes públicos é justamente o setor privado. Captura das políticas públicas é outro ponto interessante. Captura por quem? Pelo setor privado. E o que quer dizer “resistência a mudanças e ineficiência decisória”? Para quem fala em evidências exageradas e anedóticas, e escassez de dados, parece um tanto irônico. E que quer ainda dizer “capacidade de governança pública” e “governos de baixa capacidade técnica e operacional”?

De modo a evitar o prolongamento demasiado deste artigo, vamos ao ponto central do Estadão, que vem ao fim:

“O País nunca teve uma ‘política agrícola’ com ‘missões’ grandiloquentes como as das inúmeras ‘políticas industriais’ que resultaram em voos de galinha e deixaram um rastro de corrupção, ineficiência, dívida e inflação. Mas o investimento estatal nas pesquisas da Embrapa foram cruciais para o espetacular crescimento do agro.”

A política do Estadão para a economia brasileira é a política do golpe operado em 2016, a sabotagem e dissolução da indústria nacional, e o estabelecimento do Brasil permanentemente como uma grande fazenda, exportadora de soja e gado. Trata-se de um órgão que atenta contra o povo brasileiro.

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