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Economia

A esquerda golpista e o Arcabouço Fiscal

O MRT segue com a mesma crítica ao presidente Lula, não consegue nem desenvolver o seu golpismo de esquerda usando pautas mais atuais

A esquerda golpista em sua sanha por atacar Lula repete incessantemente os argumentos mais fracos que inventou em 2023. Um dos principais é o do Arcabouço Fiscal, a política econômica de Lula que foi uma pequena reforma do Teto de Gastos em defesa dos trabalhadores. No entanto, para a esquerda golpista uma pequeno reforma é equivalente a um duro ataque aos trabalhadores. Esse argumento ridículo continua sendo repetido em fevereiro de 2024 pelo portal do MRT, Esquerda Diário. O texto é de Julia Cardoso, intitulado “Arcabouço Fiscal, o Teto de Gastos de Lula-Alckmin agrada até mesmo Temer”.

Ele começa citando um evento em que o presidente golpista Michel Temer participou e afirmou que “com a substituição do congelamento de gastos instituído por ele em 2023 pelo Arcabouço Fiscal, ‘Haddad é uma agradável surpresa. Ele faz o possível para manter a integridade das contas públicas’.” Em seguida o texto usa o comentário do ex-presidente para atacar Lula: “a confiança de Temer em Haddad ocorre porque, como já víamos [sic] apontando, o Arcabouço fiscal se constitui de um novo teto de gastos de Temer e contempla os interesses do capital financeiro e empresas, ao cortar o orçamento de áreas sociais, como saúde e educação. Priorizando os interesses dos capitalistas em detrimento da qualidade de vida dos trabalhadores.”

Aqui o MRT começa fazendo a sua principal confusão para atacar o presidente. O Arcabouço Fiscal seria um “novo teto de gastos”. Isso é um fato, visto que o Teto não foi destruído, mas é um Teto aumentado pelo presidente Lula. A política do PT foi de reformar um pouco a medida que foi tomada por Michel Temer. Este por sua vez está feliz, pois Lula foi eleito para derrotar o golpe de Estado, acabar com todas as reformas instauradas desde 2016, mas não está conseguindo. A felicidade de Temer vem da incapacidade de Lula de destruir a política do golpe, e não porque a política de Lula é a mesma do golpe.

O texto então segue: “para além do Arcabouço, a política econômica de Lula-Alckmin contempla a Lei Orçamentária Anual, a qual foi sancionada na última semana, que define como será gasto o dinheiro público da União. A proposta do congresso, referendada por Lula, prevê que de 5,4 trilhões, 2,3 serão enviados apenas ao pagamento da dívida pública, a qual é em sua maioria de responsabilidade dos grandes bancos.” Aqui Lula é culpado pela existência da dívida pública que surgiu na ditadura militar. Para o MRT, o presidente ou é um revolucionário que enfrenta o principal setor do imperialismo mundial, os grandes bancos, ou é um inimigo dos trabalhadores. Esse tipo de tese sectária é o que leva a organização a aderir sempre à política golpista.

O que o MRT não consegue diferenciar de fato é o que é a política do presidente e o que é uma imposição da direita. Lula quer o Teto de Gastos? Não, mas ele não está disposto a comprar toda briga para destruí-lo. Lula quer pagar 2,3 trilhões para os bancos? Não, mas ele está ainda menos disposto a comprar a briga para não pagar a dívida. Há outras brigas menores que ele compra como, por exemplo, a da exploração do petróleo na margem equatorial, a expansão dos BRICS, dentre outras. Mas para o MRT, tudo que acontece é culpa de Lula, independentemente de ser uma imposição da direita ou não.

O artigo segue com uma tese mais política: “assim, o que temos no governo de frente ampla Lula-Alckmin é uma política econômica que tem por compromisso beneficiar os capitalistas e suas grandes empresas, e que em razão disso, recebe elogios da direita, como do emedebista, Michel Temer. Como efeito da conciliação com esses setores, Lula-Alckmin tem levado uma política de favorecer os empresários, abrindo espaço para ataques contra a classe trabalhadora por parte da extrema-direita.”

Aqui está a falha do argumento. O governo da frente ampla de fato beneficia os grandes capitalistas e as grandes empresas. Mas o governo tem como objetivo beneficiar o trabalhador e isso não pode ser ignorado. Todos os governos do Brasil desde a ditadura militar beneficiavam os capitalistas mas apenas os governos do PT beneficiavam também os trabalhadores, mesmo que pouco, e por isso tinham um amplo apoio dos trabalhadores. Dilma foi derrubada e Lula foi preso, o PT só conseguiu dar a volta por cima e retornar ao governo federal por ter um enorme apoio da classe trabalhadora. É ridículo taxar o governo Lula de inimigo dos trabalhadores como de conjunto. E os principais problemas do governo, principalmente a questão identitária e a questão da repressão, que caminham juntas, não são citados pelo MRT.

O texto então conclui: “em vista disso, é preciso marcar que o único caminho para pôr abaixo cada medida que privilegia o capital em virtude dos trabalhadores, cada ataque que coloca a juventude e nossa classe sobre a precarização, apenas vai se dar por via da mobilização dos trabalhadores unidos aos mais oprimidos de forma independente do governo. É preciso que nos inspiremos na força da classe trabalhadora Argentina que enfrenta a repressão de Bullrich para pôr abaixo as medidas absurdas de aumentar a precarização e findar os direitos sociais do presidente de extrema-direita, Javier Milei.”

A reposta esquerdista tradicional é apresentada: “ ampliar a mobilização”. Isso, contudo, não tem relevância nenhuma se não houver uma linha política para os trabalhadores. Ampliar a mobilização sendo contra Lula tende a levar a um novo golpe de Estado no Brasil. No Chile houve uma gigantesca mobilização, no fim Boric foi eleito, uma derrota dos trabalhadores. No Brasil a mobilização foi menor do que em outros países mas Lula conseguiu voltar ao governo, ao contrário de Evo Morales na Bolívia. Demonstração que o acerto político é mais importante que a mobilização por si só.

Por fim, vale citar o caso da Argentina. Ele é usado de exemplo pelo MRT. Porém, no Brasil a classe trabalhadora foi capaz de derrotar parcialmente o golpe e lançar Lula candidato e efetivamente elegê-lo. Na Argentina, Kirchner foi golpeada duas vezes e a classe operária foi derrotada nas eleições, o que levou a vitória de Milei. É absurdo a utilização da Argentina como exemplo de sucesso. Isso só é possível pois o MRT não compreende nada de política, principalmente sobre o último período dos golpes de Estado. A sua bússola política, voltada para um país onde Milei é presidente e não Nicolás Maduro, por exemplo, demonstra como estão perdidos.

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