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Fechamento da Ford

Ocupar as fábricas e enfrentar a política da burguesia

Nem Bolsonaro, nem qualquer setores da direita, nem a Ford estão interessados em alguma saída para os operários. É preciso romper a paralisia e enfrentar a burguesia

O recente anúncio de que a Ford fechará suas fábricas no Brasil, fez com que a esquerda seguisse o discurso da burguesia, pela enésima vez, de que a montadora deixaria o País por culpa de Bolsonaro. No entanto, a política alternativa que a burguesia exige não é nem de longe benéfica aos trabalhadores. Pelo contrário, o presidente da Ford, em resposta à Bolsonaro, disse que a empresa não quer subsídios, mas sim a redução do “custo Brasil”, ou seja, melhores condições para explorar ainda mais os trabalhadores.

Benefícios, subsídios bilionários, leis e benesses estatais que a montadora imperialista recebeu ao longo de anos não foram suficientes, bem como a proposta de instalar outras montadoras no lugar da Ford não preveem de nenhuma forma manter os milhares de empregos perdidos. É a prova de que a burguesia não tem perspectiva para os trabalhadores além do desemprego. Portanto, é a hora de ocupar as fábricas!

Apesar do governo golpista ser um desastre para a economia nacional e ter levado a essa situação em alguma medida, a posição de culpar Bolsonaro oculta o fato das causas irem muito além da política e economia nacionais. Pelo contrário, o fechamento da Ford no Brasil é uma prova de que mesmo todos os ataques dos governos golpistas de Temer e Bolsonaro para aumentar a exploração dos trabalhadores em proveito dos patrões como as reformas trabalhista e da previdência, bem como o rebaixamento salarial, a carteira verde e amarela e os bilhões em subsídios e empréstimos foram insuficientes para satisfazer a montadora imperialista.

Isto ocorre porque o regime capitalista avança em sua crise histórica e se vê ainda mais  profundamente debilitado desde a crise de 2008, da qual não conseguiu se recuperar e ainda continua em queda livre.

Após a quebra dos bancos e o iminente colapso do sistema financeiro nos EUA, a burguesia imperialista, através do governo Obama (Partido Democrata) liberou trilhões de dólares do Tesouro norte-americano para salvar os bancos e evitar a paralisação da economia mundial.

Mas não foi o suficiente. Diante da evaporação de ações vinculadas a negócios especulativos terem quebrado grandes corporações, como o banco Lehman Brothers, e capitalistas terem perdido muito ou quase tudo, o imperialismo lançou uma verdadeira caçada a ativos reais, que pudessem fornecer um lastro tangível à economia, como o caso do petróleo.

Foi por isso que a partir do ano seguinte, o imperialismo norte-americano organizou uma série de golpes de Estado na América latina, interferindo ou mesmo derrubando governos em Honduras (2009), Paraguai (2012), Brasil (2016), Bolívia (2019), Argentina, Equador, Venezuela, entre outros. O objetivo era claro, assaltar os países atrasados, apropriar-se das riquezas controladas por eles e aumentar a exploração da classe operária. Tudo para salvar o lucro dos monopólios.

 

No Brasil

O Brasil está nesse meio. O golpe de Estado de 2016 foi dado para intensificar – como nunca –  a entrega total da economia nacional ao imperialismo.

A burguesia, como ficou mais claro em 2014 – na campanha pró Aécio Neves (PSDB) e contra Dilma Rousseff (PT) – queria colocar um representante “puro-sangue” dos monopólios no lugar do PT. No entanto, apesar de toda a manipulação da burguesia em favor de Aécio, o PSDB não conseguiu derrotar o PT nas urnas. Prova de que o candidato representante direto do imperialismo não tinha condições de ser eleito presidente. Desta forma, a burguesia buscou maneiras alternativas de derrubar o governo do PT, como a cassação da chapa ou o impeachment, que acabou acontecendo para dar lugar ao governo golpista de Temer, alçado para aplicar o programa da burguesia de privatizações e de liquidação dos direitos da população.

Essa primeira experiência com o programa dos golpistas de 2016 a 2018 criou um enorme repúdio da população, impedindo novamente que a burguesia conseguisse eleger um candidato puro-sangue nas eleições de 2018 e tivesse que improvisar com Bolsonaro, para evitar um retorno de Lula e do PT ao governo.

No entanto, Bolsonaro já demonstrava que, apesar da vontade, não tinha condições de aplicar essa política de terra arrasada, dado não ser um homem ligado diretamente aos capitalistas internacionais, mas seu apoio vir de setores capitalistas médios nacionais, que entram em contradição com os monopólios.

 

O programa do imperialismo

O que os monopólios querem é a abertura total da economia brasileira para o imperialismo, mais do que temos na situação atual. Querem que as grandes empresas capitalistas monopolistas controlem a economia nacional completamente.

Por isso a Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou uma nota dizendo que o motivo da saída da Ford é a demora para a aprovação das “reformas estruturais” como a tributária e outras. Segundo diretor de desenvolvimento da entidade, Carlos Abijaodi, o fechamento da Ford deve chamar atenção dos governos para medidas que reduzam o “custo Brasil”. Para ele, a reforma tributária é uma das medidas prioritárias para a “redução do principal entrave à competitividade do setor industrial brasileiro”.

O governo Bolsonaro, pela seu caráter improvisado e pelo avanço da crise, não consegue levar adiante 100% da política do imperialismo, o que foi retratado pelo twitter do PSDB de alguns meses atrás, de que Bolsonaro não faz privatizações, ao contrário do governo do FHC.

 

É preciso ocupar as fábricas!

Com todo esse cerco da burguesia contra a classe operária, não adianta falar com parlamentares e implorar aos governadores e aos empresários, como defendem setores das direções sindicais. Ou mesmo propor que outras montadoras estrangeiras se instalem no lugar da Ford.

Os capitalistas estrangeiros só ficarão no país se “houver contrapartida”. Ou seja, caso o governo ataque ainda mais os trabalhadores com diminuição de salários, aumento real da jornada, aumento da exploração dos trabalhadores para aumentar os lucros. Por isso, essa alternativa não é uma solução aos trabalhadores.

Diante deste cenário, onde nem Bolsonaro nem a Ford estão interessados em alguma saída para os operários. A única solução é ocupar as fábricas! A Central Única dos Trabalhadores (CUT) precisa agir com seus sindicatos. É preciso organizar uma grande greve das categorias metalúrgicas, com ocupação de fábricas e locais de trabalho, com objetivo da estatização e controle operário destas unidades.

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