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De que lado está o PSTU?

Ataques ao PCO fazem o jogo de Bolsonaro e do PSDB

Morenistas publicaram artigo para criticar a expulsão da direita do ato na Avenida Paulista

No dia 5 de julho, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) decidiu mergulhar na pocilga em que se encontram a Folha de S.Paulo, a Rede Globo, o SBT e o conjunto da direita golpista, passando a atacar abertamente os militantes do PCO e todos os manifestantes que colocaram o PSDB para correr do ato de 3 de julho. O artigo, assinado por Diego Cruz e publicado no sítio oficial do PSTU, traz como título “3J: PCO e ‘black blocs’ fazem o jogo de Bolsonaro”, demonstrando, já no seu título, a má-fé e a defesa escancarada de que o PSDB não fosse expulso da manifestação.

O artigo já começa ignorando absurdamente o debate mais importante acerca do movimento Fora Bolsonaro neste momento: “mesmo convocado às pressas diante das denúncias de superfaturamento e corrupção na compra de vacinas pelo governo, o 3J encheu as avenidas das principais capitais e se espalhou pelo interior”. Elogiar os atos do dia 3 de julho, sem uma única consideração sobre as manobras que foram realizadas em torno deles é uma cumplicidade com essas manobras.

Diferentemente do que o PSTU alega, os atos foram grandes, sim, mas foram o resultado da vitória da mobilização contra as tentativas de sabotar as manifestações. Dizer que os atos simplesmente foram grandes e que eles aconteceram diante das “denúncias” é o mesmo que passar pano para toda a operação que foi realizada antes: a coordenação dos atos antecipou a data dos atos de maneira irresponsável, que poderia levar a um desastre, e ainda deu um verdadeiro golpe contra o movimento, que foi a introdução, sem qualquer consulta às bases, de elementos da direita golpista nas ruas. Não é à toa que o PSTU se absteve de criticar isso.

O PSTU não critica as manobras antidemocráticas porque concorda com todas elas. Em relação a colocar os atos a reboque do parlamento, manipulando-os como se fossem um brinquedo, os morenistas atestam: “[as manifestações] traziam, além da denúncia do genocídio, o tema da corrupção”. O “tema da corrupção” é, na verdade, o tema da Rede Globo e do Congresso golpista, como todo mundo viu durante o golpe de Estado. O PSTU, fazendo coro com a esquerda parlamentar, exalta, neste sentido, a iniciativa da burguesia em detrimento da iniciativa do povo, que está nas ruas não por causa da “corrupção”, mas sim pela derrubada do governo por sua política de extrema-direita. Mas isso não é de hoje. Quem participou de toda a luta contra o golpe lembra-se que uma das desculpas encontradas pelo PSTU para não defender o PT da direita e apoiar o Fora Dilma foi justamente… a corrupção!

Em relação a defender a participação da direita no movimento, o PSTU é ainda mais explícito:

“Na luta pelo Fora Bolsonaro, ou seja, para se pôr fim a esse governo, que é praticamente um consenso (ou deveria ser) que conta com um projeto autoritário, deve-se contar com todas as forças políticas que se disponham a ir às ruas contra ele. Todos os setores, incluindo a direita democrática-liberal”.

Visto isso, já fica claro o motivo pelo qual o PSTU decidiu atacar o PCO. O PCO defendeu, na prática um programa oposto ao que a coordenação clandestina e burocrática dos atos, apoiada pelo PSTU, defende: o programa de que os atos não devem contar com a participação dos golpistas.

A defesa do PSDB, por parte do PSTU, é uma saída do armário dos morenistas. O partido passou anos e anos criticando o PT por praticar a política de conciliação de classes. De tanto criticar o PT, chegou ao absurdo de se unir à extrema-direita para pedir a derrubada do governo petista. Agora, no entanto, põe às claras que nunca se tratou de uma política revolucionária de fato, mas, pelo contrário, de uma política de ficar a reboque da burguesia.

O grande argumento do PSTU para defender a participação do PSDB é o mesmo do PCdoB e da ala direita da esquerda nacional: o de que, na “luta contra o fascismo” , seria necessário se unir com todos os que “não são fascistas”. E o critério para não ser “fascista”, como sempre, é absolutamente arbitrário: se a Rede Globo disser que alguém é antifascista, antibolsonarista, “científico”, “civilizado” ou o que for, está estabelecido. Para a esquerda que defende a política de frente ampla, qualquer genocida é bem-vindo.

Segundo o PSTU, o PSDB, sabe-se lá por quê, não seria tão inimigo do povo como Bolsonaro:

“É absolutamente legítimo, e necessário, se utilizar da autodefesa diante de ataques ou provocações da ultradireita. Inclusive fisicamente. Em 2013, por exemplo, nos enfrentamos com grupos de extrema-direita nas ruas. Situação que nada tem a ver com os atos do Fora Bolsonaro, ou o PSDB”. 

A defesa do PSDB como um partido civilizado chega ao cúmulo do PSTU dizer que o partido não seria um infiltrado, o que nos obrigaria a concluir que os tucanos são parte do movimento:

“O PSDB não estava ‘infiltrado’ no ato. Pelo contrário, já havia anunciado que iriam ao protesto”.

Para o PSTU, está, então, tudo resolvido! Se Bolsonaro avisasse que iria aos atos, não seria um infiltrado. Seria, na verdade o dono do ato. O que revela, inclusive, a forma como o PSTU concebe o problema: a infiltração não teria nada a ver com um grupo que sequer apoia o impeachment de Bolsonaro querer mandar na mobilização dos trabalhadores, mas sim com o fato de que essa palhaçada ser “anunciada” ou não. É muita vontade de legitimar a política da burguesia…

Tanto é assim, que o PSTU implora abertamente:

“Não só é uma imbecilidade completa hostilizar o PSDB nas manifestações, como se deve fazer exatamente o contrário: exigir que todos os setores que defendem as liberdades democráticas e o fim deste genocídio participem também“.

Primeiro que o PSDB não defende as liberdades democráticas nem mesmo o fim do genocídio. O PSDB é o partido que, no governo de São Paulo, manda a PM acabar com greves e matar pobres na periferia. O PSDB é o partido da censura, da destruição a todos os direitos sociais como à saúde ou à educação. O PSDB é cúmplice total do genocídio do coronavírus, tendo destruído o sistema de saúde nacional, sendo responsável, por exemplo, por 130 mil mortes somente no Estado de São Paulo. Esse partido, como seus irmãos MDB, DEM, PSL etc, estão sendo convidados pelos “revolucionários” do PSTU a se infiltrar nos atos da esquerda!

Em segundo lugar, se formos seguir a lógica do PSTU, Bolsonaro também seria bem-vindo aos atos. Ora, o presidente fascista defende algumas liberdades democráticas quando lhe convém, como é o caso do direito ao armamento. E sua propaganda é que está combatendo a pandemia, ou seja, dando fim ao genocídio. O raciocínio dos morenistas é algo surreal.

O motivo pelo qual o PCO e os “black blocs” estariam fazendo o jogo do governo Bolsonaro seria porque, para o PSTU, a única forma de derrubar o governo Bolsonaro é levantando a bandeira do PSDB. Não chegarão a lugar algum, a não ser que o movimento seja enterrado e, sobre seu cadáver, erga-se a figura de um picareta como Fernando Henrique Cardoso.

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