A Europa vive uma temporada de intensa onda de insatisfação popular. Greves multiplicam-se a todo momento por vários países do continente. Depois de uma greve geral na França e uma série de greves no Reino Unido, manifestações em Praga, chega a vez da Alemanha.
Diante de frustradas negociações entre os representantes dos trabalhadores e os patrões, operários da indústria elétrica e do setor metalúrgico alemão, cerca de 3,8 milhões de trabalhadores, organizados pelo sindicato da categoria, o Ig Metall, lançaram no último dia 29, um movimento grevista para exigir alta salarial de pelo menos 8% que possa recompor a intensa corrosão inflacionária atual, que já chega a índices de 10%.
Por volta de dois mil trabalhadores do setor realizaram a chamada “greve de advertência”, greves de curta duração que costumam anteceder as negociações do sindicato. O movimento grevista dos metalúrgicos não tem data definida para acabar e espera negociações marcadas para o dia 10 de novembro.
A alta da inflação na Europa vem em contínuo disparo e tem como mola propulsora a alta dos preços da energia elétrica que já registra um índice de mais de 40% e está diretamente ligada às sanções econômicas obrigadas pelos Estados Unidos à Rússia que em retaliação ao tratamento injusto cortou o fornecimento de gás natural para o continente. A dependência do gás natural russo chega a 80%do fornecimento em alguns países europeus.
A alta da energia vem encarecendo exponencialmente o custo da produção, provocando uma inflação generalizada. As sanções econômicas da Europa à Rússia tem sido “um tiro no pé” da própria Europa. A inflação e desindustrialização decorrente da redução de oferta na matriz energética europeia abastecida prioritariamente pelo gás natural tem se convertido em um verdadeiro barril de pólvora.
O inverno ainda nem chegou , a previsão para essa temporada é de que muitos europeus não consigam pagar o custo da energia necessária para o uso do aquecedor, o que deverá deixar a situação ainda mais em polvorosa.